quinta-feira, 6 de maio de 2010

Mão Morta "Pesadelos de Peluche" - 19 de Abril (Universal Music Portugal)



O décimo quinto álbum desta “instituição” do Rock alternativo Português, “Pesadelos em Peluche”, é, mais uma vez, e como pudemos constatar em “Muller no Hotel Hessischer Hoff”, “Nús” e “Maldoror”, um álbum conceptual feito com base numa interpretação lírica por Adolfo Luxúria Canibal, frontman “extraordinaire”, da obra de J.G. Ballard (Crash, Império do Sol ),"Feira de Atrocidades" (1969).

Se dos anteriores álbuns conceptuais do grupo bracarense, poderíamos extrapolar a experiência auditiva entre os ambientes directamente relacionados com o núcleo literário da obra, que elevavam o estatuto da música a uma viagem sónica e imagética. Este álbum, desde o início, remete-nos para os Mão Morta que insurgiu na cultura musical portuguesa temas como “Vamos Fugir”, ou “Lisboa”. Os mesmos Mão Morta que, no início dos anos 90, nos fizeram deambular por entre ruas de cidades (“Mutantes s.21”), ou insurgiam nos cânones punk rock um punhado de canções velozes e com riff’s simples de índole rock bem exposta (“O.D. e a Rainha do Rock & Crawl”).

Aliado á mestria e experiência do grupo, em criar melodias intensas e estruturadas, desde o primeiro riff do albúm, na faixa – single “Novelos de Paixão” apercebemo-nos que estamos prestes a viajar pelas entranhas do Rock, contemplando as suas mais diversas vertentes, com direito a guia, na soberba voz , por vezes cavernosa, por vezes em modo “riot”, remetendo-nos para toda uma discografia exemplar e excursões sónicas, com os devidos condimentos que os Mão Morta sempre souberam fazer.

Sim, neste álbum, claramente ouve-se a essência de uns Mão Morta, que, ao voltar a um rock mais compacto, sem retirar a magnitude da construção musical, mas penetrando por várias vertentes das quais se haviam distanciado, tornaram este álbum como uma espécie de postal dos seus prolíferos e magistrais 25 anos.
É um álbum, do princípio ao fim, no qual cada música vive por si, impregnado de toda uma panóplia de construções musicais que fazem todo o sentido hoje, como há 20 anos atrás.

Aqui vivem as guitarras velozes (“Tardes de Inverno”, “Teorias de Conspiração”), guitarras que abraçam o ritmo, no qual a voz dança exímamente, como se mais nenhuma outra vocalização pudesse existir (Novelos de Paixão), partituras de piano que nos remetem para uma inocência já corrompida, bem como uma pujança punk, laivos rockabilly e alguma morbidez batcave, elevando este álbum aos escaparates de nomes como Nick Cave & Bad Seeds, The Wire e The Damned.

O Ontem, o Hoje e, esperemos, o Futuro dos Mão Morta (se bem que de todo Rock português), encontra-se por aqui, neste “Pesadelos em Peluche”, no qual revemos os 25 anos de uma banda que já era assim, bem como temos uma vista privilegiada para uma abrangência do Rock, nas suas várias faces, que nos faz vibrar, entoar, dançar, fechar os olhos saboreando as imagens que nos traz e, sentir, que a viagem é nova, aliciante e deveras excitante.



www.mao-morta.org - site oficial da banda

EL

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