quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sympathy For Chaos – Sexta-feira – 14/05/2010 – Adn Bar, Setúbal


Apresentação do EP “Rock & Core Extravaganza”

Soube-se (ou leu-se, numa revista de música portuguesa) recentemente, que Setúbal é a cidade portuguesa com mais bandas “per capita”, através das quais temos visto um crescimento em termos de difusão da sua música e “imagens de marca” (porque, aparentemente, uma banda define-se mais pelo que veste do que pela sua música, segundo os padrões actuais) pelos media e pelos meandros da Internet.

Uma dessas bandas "setubalenses" surpreenderam-nos na semana passada, com um EP delicioso e um concerto vertiginoso.
Repleto de muito Rock (surf, garage, psycho) e algum Hardcore, para apenas uns “escolhidos” (cerca de 12 pessoas, num bar, em Setúbal), que tiveram (e escolheram) a oportunidade de escutar, ao vivo e em versão “Caoticamente simpática”, uma das bandas mais Rock’n’Roll, que tivemos oportunidade de ouvir nestes últimos tempos. Bem tocado e musicalmente frenético.

No Bar ADN, numa rua secundária, paralela á Av. Luisa Tody, o centro da diversão nocturna setubalense, ouve-se um enorme grupo de pessoas do bar ao lado, e no centro da rua, uma porta entreaberta, escutamos uma voz solitária, e uma guitarra em modo blues, a expiar os seus desejos. A voz e o som profundo de uma “cover” de Robert Johnson pertencem a um rapaz, magro, de aspecto calmo, mas no entanto com uma naturalidade, quase que nos sentimo de volta ao Mississipi, num daqueles descampados, onde a música por uma voz e uma guitarra, na sua tristeza, choraram um dia. O seu nome é Hell Hound, e a sua história ficará para um próximo capítulo.

Após uma fraca recepção, algumas “falhas”, e a pouca afluência, ainda meio desapontados (via-se as suas expressões sérias), assumiram as posições para uma viagem sónica, que marcou de facto, pontos no Rock Português.

Aos primeiros sons de “Black Dog”, de Led Zeppelin, verificava-se, á medida que a música prosseguia, uns Sympathy a despir as peles sociais e a entrar no seu recreio…

O vocalista Bruno Rodrigues, instantaneamente, solta-se em danças e vozes, com o seu casaco vintage, saído de “Sgt Pepper’s….”, e, de um momento para o outro, antes do final da primeira música, verificamos estar perante uma banda, a sério, como há muito não se concebia. Cada um deles complementam-se e sentem as presenças (tanto física como musicalmente) em palco, sendo cada um deles uma engrenagem da máquina, um órgão do corpo que vive, respira e funciona perante os nossos olhos e ouvidos. O Corpo que são os Sympathy for Chaos.

Ao se lançarem na segunda música, verifica-se que o Rock tornou-se lei e os próximos quartos de hora, são tempo para dançar e "abanar a cabeleira".
Apesar da pouca afluência de pessoas, nada os demovia, cada um dos elementos a interpretarem, tanto os originais como as covers, salientando especialmente a cover de Bob Marley “I shot the Sheriff”, que nos fez e degustar cada nota, ritmo e verso, demonstrando que o Rock pode tudo, e ainda muito mais, aliado a mestres clássicos.

Após a audição do EP de estreia deste grupo, verifica-se que o mesmo nunca lhes irá fazer justiça. Pois não há maneira de compactar tanto Rock, tanta “Caótica simpatia”, tamanho espectáculo e mestria musical, como foi arremessado aos poucos presentes.

Esta banda, em apenas 50m, revolucionaram o Rock á sua maneira, tocaram-nos, remexeram e elevaram a sua música ao mais alto nível desejado num concerto. Ás vezes o problema não é em nada a banda, mas o público, ou falta dele, apesar de nada disso ter interessado...

Queremos mais concertos, e melhores salas para esta e outras bandas. Queremos Rock! Queremos Sympathy for Chaos!

Querias ver e ouvir bom Rock? Um bom concerto com músicos a sério e que gostam mesmo do que estão a fazer?
Temos pena por não estares lá… Nós estivemos e gostámos. E desejamos mais!

EL


http://www.myspace.com/sympathyforchaos

http://www.facebook.com/pages/Sympathy-For-Chaos/139627401310

sympathyforchaos@gmail.com

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Mão Morta "Pesadelos de Peluche" - 19 de Abril (Universal Music Portugal)



O décimo quinto álbum desta “instituição” do Rock alternativo Português, “Pesadelos em Peluche”, é, mais uma vez, e como pudemos constatar em “Muller no Hotel Hessischer Hoff”, “Nús” e “Maldoror”, um álbum conceptual feito com base numa interpretação lírica por Adolfo Luxúria Canibal, frontman “extraordinaire”, da obra de J.G. Ballard (Crash, Império do Sol ),"Feira de Atrocidades" (1969).

Se dos anteriores álbuns conceptuais do grupo bracarense, poderíamos extrapolar a experiência auditiva entre os ambientes directamente relacionados com o núcleo literário da obra, que elevavam o estatuto da música a uma viagem sónica e imagética. Este álbum, desde o início, remete-nos para os Mão Morta que insurgiu na cultura musical portuguesa temas como “Vamos Fugir”, ou “Lisboa”. Os mesmos Mão Morta que, no início dos anos 90, nos fizeram deambular por entre ruas de cidades (“Mutantes s.21”), ou insurgiam nos cânones punk rock um punhado de canções velozes e com riff’s simples de índole rock bem exposta (“O.D. e a Rainha do Rock & Crawl”).

Aliado á mestria e experiência do grupo, em criar melodias intensas e estruturadas, desde o primeiro riff do albúm, na faixa – single “Novelos de Paixão” apercebemo-nos que estamos prestes a viajar pelas entranhas do Rock, contemplando as suas mais diversas vertentes, com direito a guia, na soberba voz , por vezes cavernosa, por vezes em modo “riot”, remetendo-nos para toda uma discografia exemplar e excursões sónicas, com os devidos condimentos que os Mão Morta sempre souberam fazer.

Sim, neste álbum, claramente ouve-se a essência de uns Mão Morta, que, ao voltar a um rock mais compacto, sem retirar a magnitude da construção musical, mas penetrando por várias vertentes das quais se haviam distanciado, tornaram este álbum como uma espécie de postal dos seus prolíferos e magistrais 25 anos.
É um álbum, do princípio ao fim, no qual cada música vive por si, impregnado de toda uma panóplia de construções musicais que fazem todo o sentido hoje, como há 20 anos atrás.

Aqui vivem as guitarras velozes (“Tardes de Inverno”, “Teorias de Conspiração”), guitarras que abraçam o ritmo, no qual a voz dança exímamente, como se mais nenhuma outra vocalização pudesse existir (Novelos de Paixão), partituras de piano que nos remetem para uma inocência já corrompida, bem como uma pujança punk, laivos rockabilly e alguma morbidez batcave, elevando este álbum aos escaparates de nomes como Nick Cave & Bad Seeds, The Wire e The Damned.

O Ontem, o Hoje e, esperemos, o Futuro dos Mão Morta (se bem que de todo Rock português), encontra-se por aqui, neste “Pesadelos em Peluche”, no qual revemos os 25 anos de uma banda que já era assim, bem como temos uma vista privilegiada para uma abrangência do Rock, nas suas várias faces, que nos faz vibrar, entoar, dançar, fechar os olhos saboreando as imagens que nos traz e, sentir, que a viagem é nova, aliciante e deveras excitante.



www.mao-morta.org - site oficial da banda

EL

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Hills Have Eyes - Black Book




Na sequência de “All Doves Have Been Killed”, os Hills Have Eyes apresentam o seu novo trabalho de nome “Black Book”. Parte integrante do movimento rock setubalense, os Hills Have Eyes são uma banda que nos habituou a sonoridades carregadas de intensidade e energia e o álbum “Black Book” vem reforçar, e muito bem, essa ideia. Desde os berros às melodias, dos solos de guitarra até aos ritmos alucinantes de bateria, este disco tem de tudo um pouco. Caracterizado por velocidades que ultrapassam os limites, se é que os há, destacam-se temas como “Hey Hater” que denota andamentos mais Southern rock, “Daydreaming Isn't So Good After All”, cartão de apresentação da banda no Myspace que foi espelho dos primeiros reflexos do álbum, “21.12.2010 – Hills Have eyes” para os fãs adeptos das músicas “mais a abrir” e “The Believer” que é um perfeito Sing-along com potência sonora e um refrão de não deixar ninguém indiferente e que dá vontade de o cantar.

Com a produção a cargo de Vasco Ramos (More than a Thousand)e Daniel Cardoso (Ultrasound Studios), é um disco que mostra uma maior identidade deste quinteto, riffs fortes, refrões de grande impacto, e uma performance vocal de grande polivalência capaz de ir buscar gritos ao fundo da alma e deitar para fora do coração as mais apetecíveis melodias. Este livro de segredos torna-se um livro aberto para todos os que o queiram “ler”, que se nunca deixa de perder o interesse e nos prende do principio ao fim.

Atitude, poder, perseverança e força de vontade são características que adjectivam este conjunto e principalmente “Black Book”. No fim de contas, uma grande banda, um grande álbum que merece todo o destaque e atenção.

Para mais informações sobre os Hills Have Eyes, podem obtê-las em:

www.myspace.com/hillshaveeyesmusic

S.F.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Easyway - Laudamus Vita



Laudamus Vita é o novo trabalho dos Easyway, e deixem que vos diga, que monstruoso trabalho. Composto por álbum e DVD/Filme onde 3 anos “in the making” valem bem a pena a espera e o empenho. Laudamus Vita, ou melhor, Saudamos a vida é sem dúvida até hoje o melhor e mais complexo trabalho deste quarteto, que demonstra um amadurecimento completo da composição, com musicas fantásticas daquela que nos fazem fechar os olhos e viajar pelo imaginário e desconhecido das nossas mentes. É de saudar o facto de toda esta produção ser suportada, escrita, composta, executada pela própria banda, ambos filme e álbum, contando com a colaboração de amigos / profissionais do meio audiovisual e musical, daí a necessidade de extra-valorizar este trabalho e esta dedicação, que culminou numa aventura pioneira nunca antes feita em Portugal, que relembra acontecimentos como o “The Wall” dos Pink Floyd que acompanhava o filme com o mesmo nome realizado por Alan Parker. A união Áudio com Visual torna este disco uma obra-prima e motivo de orgulho para o conjunto e para o próprio país e um sinal que o Rock não é nem nunca será estagnado enquanto houver vontades e criadores deste gabarito.

Quanto ao álbum, foge e muito aos registos anteriores da banda, colocando para traz o punk rock melódico tradicional, vestindo o álbum de ambientes mais pesados, mais ponderados e mais elegantes, mais compostos. Temas como o incontornável “The Viewer” que conta com a participação da mítica Sarah Bettens (K’s Choice), “Lux” que nos prende com o poderoso refrão brilhantemente executado por Tiago Afonso, “The Revelation” que nos transporta por viagens infindáveis onde nos deixa voar sem medo da queda, são temas que fazem de Laudamus Vita um trabalho único, um trabalho a rondar a genialidade, um álbum/filme por e de excelência, que merece todo o destaque e o seu lugar na história do Rock Português. Destaca-se também o trabalho de composição de orquestração levado a cabo por Miguel S. Marques que confere a Laudamus Vita um toque de classe e bom gosto, e porque não, epopeico.

Quanto ao filme, ou melhor, a metragem que acompanha a musica, é mais que um filme, é um explodir de todas as potencialidades do quarteto, das suas ideias e concretização das mesmas. Com excelente qualidade de imagem, e com excelentes interpretações da parte dos seus intervenientes conta a história de um personagem que se vê avassalado por acontecimentos que praticamente destroem a sua vida tal e qual como ele a conhece e o altera completamente, para no fim, acordar e saudar a vida porque tudo acontece por uma razão e nada é aleatório, mas quanto a história em concreto, fica aberto o convite para visualizarem este filme realizado e produzido por Danilo Warick, também baterista da banda.

São álbuns como este que vale a pena estar atento e querer conhecer mais do Rock Português, são temas como estes que nos tocam e remexem por dentro. Laudamus Vita é mais que um disco, é uma celebração, um acordar de consciências, uma bomba mental que nos deixa extasiados.

Para mais noticias e informações sobre a banda e seus intervenientes vão a:

www.easywayrock.com – Site oficial da banda
www.myspace.com/easyway - Myspace da banda
www.generatormusicstudios.com – Estúdio de gravação de Miguel Marques (guitarrista)
www.danilowarick.com – Realizador e baterista da banda
www.mikevisualguerrilla.com – Design da banda de Miguel P. Marques (baixista)
www.arthouse.pt – Management

S.F.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Prefácio

Cada vez mais a evolução está presente nos nossos dias e vidas e todas as suas implicações criam uma ramificação de bons e maus acontecimentos reflectidos na música. A revolução da internet veio modificar o mundo da música como o conhecíamos desde o tempo do vinil, cassete e do disco compacto, colocando à nossa disposição uma panóplia de boas e más consequências. É inevitável quando se fala de internet no contexto musical, falar do reflexo que essa poderosa ferramenta tem na venda de discos e outros formatos musicais. Hoje em dia vender discos é quase uma missão impossível, não por culpa da qualidade dos artistas, não por culpa da imensa qualidade das gravações, não por culpa das editoras mas por culpa da evolução cibernauta que permite a partilha de música a nível global e sem custos para o consumidor final, e como consequência, sem contrapartida financeira para o artista que muitas vezes compõe, produz, executa e coloca no mercado o seu trabalho onde muitas vezes não é devidamente recompensado.

Mas nem tudo são dias cinzentos. Verdade é que a revolução da internet no meio musical veio permitir a melhor divulgação de mais e melhor música e permitiu às pessoas ter uma acessibilidade no que respeita a novos e/ou projectos desconhecidos para as grandes massas, daí resultado hoje em dia uma quantidade infindável de projectos de todos os estilos e derivações, tendo muito como contribuição as redes sociais como Myspace, Facebook, tendo inclusive alguns projectos prescindido de site oficial para ter estas redes sociais como principal veículo de divulgação e informação dos projectos.

Nesta óptica, este blog vai tentar dar o seu contributo ao Rock português, que ao contrário do que muitas pessoas julgam, que se encontra de boa saúde e é extremamente recomendado. A nossa função vai ser divulgar novos e antigos projectos, analisando os seus trabalhos, revendo os seus concertos em palavras, etc…

O rock Português precisa de união, de companheirismo, de amizade, de entre-ajuda porque o que é nacional pode não ser sempre bom para todos, mas merece ser divulgado para que seja dado a conhecer a quem possa vir a gostar, pois toda a ajuda neste âmbito, soa a pouco e cada um de nós, como amante da musica, tem o seu papel nesta missão.

Portanto, se têm um projecto que queiram divulgar, um disco que queiram ver dissecado, noticias sobre os vossos projectos que queiram ver destacados, este é um lugar onde podem ter o vosso espaço com uma equipa que embora não seja uma equipa de jornalistas, críticos ou semelhantes, são pessoas que fazem do Rock e da música em geral a sua vida, que possuem força de vontade de ajudar.

Para isso podem enviar as vossas propostas para rockportugal@gmail.com